16 de jul. de 2009

A linha e o linho.


"É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia
E fosse aparecendo aos poucos nosso amor
Os nossos sentimentos loucos, nosso amor
O zig-zag do tormento, as cores da alegria
A curva generosa da compreensão
Formando a pétala da rosa, da paixão
A sua vida o meu caminho, nosso amor
Você a linha e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa
Reproduzidos no bordado
A casa, a estrada, a correnteza
O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza"

Gilberto Gil

5 de jul. de 2009

"Beija-flor sou tua rosa, hei de amar-te até morrer"







Você já esteve em sua casa e de repente um beija-flor adentrou pela janela, deu uma voltinha no ambiente e quando ele saiu você ficou repleto de felicidade?

Hoje aconteceu isso aqui em casa. A campainha tocou e quando eu abri, entrou enchendo o ambiente de luz João, meu afilhado, e meu cumpadre.

Eu podia esperar muita coisa boa, até porque eu sempre espero coisas boas, mas essa visita superou tudo que minha vã consciência pudesse almejar para uma deliciosa manhã de domingo.

Ele chegou, cheio de novidades e pediu-me para explicar como usar o MSN, falou dos livros que estava lendo, jogou transamerica com o padrinho, que depois se enfretaram numa eletrizante partida de Guitar Hero's, onde os dois eram o punk. Rimos a valer. Mas como um beija-flor que entra na sua casa com sua beleza infinita apenas por uns instantes, ele partiu e foi beijar outras flores, que como eu estavam saudosas dele, também.

Obrigada pela visita, lindo beija-flor.

Para João,
amor primeiro.

4 de jul. de 2009

The Big Bang Theory


Ainda no quesito "não vivo sem, embora não acrescente em nada": The Big Bang Theory.

Ando apaixonada pelos nerds mais simpáticos e neuróticos da TV: Leonard, Sheldon, Howard e Raj.

Fora os diálogos engraçadíssimos, cheios de fina ironia e situações cotidianamente surreais, descobre-se a todo tempo que, de nerd e louco, todos nós temos um pouco.

Eis o dialógo pelo qual cheguei a conclusão que tenho muito de Sheldon.

Sheldon:Esse sanduíche é um desastre completo. Eu pedi peru, rosbife, alface e queijo suíço no pão integral.
Raj: E o que eles mandaram?
Sheldon: Peru, rosbife, queijo suíço e alface no pão integral.
Diante do olhar de total incompreensão de Raj e Howard, ele esclarece.
Sheldon: São os ingredientes certos, mas na ordem errada. Em um bom sanduíche o queijo deve proteger o pão e criar uma barreira contra a umidade do alface. Parece que trouxeram isso direto de um lava-rápido.
Leonard, comentando sobre algo bem nerd que ele estava vendo na net: Eu não acredito!
Sheldon, acreditando estar Leonard concordando com seu tratado sobre o sanduíche: Eu sei, é ciência culinária básica.


PS: a loirinha linda é Penny, uma janela para o mundo real, se é que ele existe.

A Coleira.


Apresentação

Devo dizer que este não será um texto fácil. Portanto se você quiser deixá-lo de ler aqui, eu não só entendo, como recomendo. Este texto não vai te deixar feliz, nem tão pouco pensando em coisas boas.

Prólogo

Eu já falei de Megabyte aqui. Da importância dela nas nossas vidas. De quanto fomos felizes por ela ter dividido sua breve existência conosco. Vou contar mais uma coisa sobre ela. Desde sempre Mega teve em seu lindo pescoço uma coleira, tipo corrente, onde havia uma placa com seu nome e nossos telefones, caso, Deus me livre, ela se perdesse. Ela a usava diariamente, só a tirava para tomar banho e quando acabávamos de a enxugar balançávamos a corrente e ela vinha para colocarmos novamente. Era engraçado, parecia que sem a coleira ela se sentia nua. Acho que ela também tinha medo de se perder da gente.

É hora de você desistir...

Sábado passado fui deixar Flávio no Recife Antigo, por volta das 7 horas da manhã. Resolvi voltar pela Avenida Sul, coisa que nunca faço. No final da via há uma ponte que nos liga ao bairro de Afogados. Não havia o tráfego intenso, mas havia carros o suficiente para que eu não parasse imediatamente. De repente olhei para o lado direito da ponte e vi um homem, na casa dos 20 anos vestido de bermuda, tênis e camisa de malha.Segurava por debaixo das patas dianteiras um cachorro amarelo de costas para si, um vira-lata desses fortinhos (estilo pitt bull), do outro lado do parapeito da ponte. Eu testemunhei exatamente quando ele o soltou. O mundo parou. Eu não conseguia crer naquilo que meus olhos estavam vendo e por um momento invejei Édipo que arrancou os seus. - Eu disse para você desistir - . Ele deu uns passos e olhou para o rio, talvez para certificar-se de que a sua ação tenha sido prodigiosa e então naqueles milésimos de segundo, que ficaram gravados a ferro e fogo em minhas retinas, eu vi o pior, ele guardou a coleira do cão no bolso. Ele atirou o cão no rio, mas guardou sua coleira. Meu Deus, tem algo errado, muito errado.

Minha cabeça processava tudo tão depressa que não sei como não subi a calçada. O cachorro, o rio, a coleira. Imediatamente uma enxurrada de lembranças invadiu-me: Mega e sua banheirinha rosa, sempre com água morna e de sua correntinha com placa que ela ostentava com tanto orgulho. Pensei no pobre do cão, nas suas patas traseiras patinando no ar, na sua queda livre, no seu mergulho. Não sei se ele sobreviveu. Eu com certeza, naquele momento, morri um pouco mais do que o que habitualmente morremos a cada dia.

Ainda não passei pela ponte, mas um pedaço significativo da minha credibilidade na raça humana foi atirada de lá, e com certeza, não sobreviveu.

Epílogo

Quando for minha vez de encontrar o Criador quero que na minha mão ao invés de um terço ou flores coloque-se a coleira de Mega, que está devidamente guardada para isso. Quero levá-la para ela. Quero novamente colocá-la em seu pescoço, porque uma coleira não é nada sem um cachorro. E um Homem não é nada sem o amor de um cão.


Para Rosa Zarella,
por seu amor incondicional aos animais em perigo
e a quem eu admiro ainda mais.
E para Dora Maar, que hoje tem casa, comida e coleira.

25 de jun. de 2009

São João





Frio.
Fogueira.
Fogos.
Comida.
Pai e Mãe.

Pena que é apenas uma vez por ano.
Pena nada!
Se fosse todo mês, eu não passaria mais pela porta e só andaria do compartimento de carga dos aviões.

21 de jun. de 2009

Vrummm, vrummm, vruuummmmmmmmm


Quem disse que semana de prova é só livros, cadernos e anotações. Semana de prova é semana de aventuras também.

Vocês que me conhecem mais de perto, sabem que eu sou extremamente cuidadosa, diria mesmo medrosa, mas Daniel, my brother, precisava de uma ajuda urgente e devido a esse necessidade de semana de prova topei vir com ele da faculdade à minha casa - mais ou menos uns 15 kilometros. Até aí nada demais, pois faço esse caminho todos os dias. O que você não sabe, ainda, é que eu fiz esse percurso de moto.

Saímos da faculdade umas 20h e seguimos para a Agamenon Magalhães, justo eu que tenho horror de andar de carro por aquela via com medo de sua famosa violência, seja por causa dos roubos, seja por causa dos acidentes, em sua maioria com motos. Mas Daniel precisava de ajuda, então vamos. Meus dedos batucavam nas minhas pernas por todos os milímetros que percorremos, sinal tácito do meu desconforto. Atravessamos os viadutos, a ponte do Pina e na minha cabeça só pensava "vou acabar virando um processo na mesa de Chatarina. Flavinho vai ser o beneficiário do meu DPVAT".

Daniel foi um lorde, não fez ultrapassagens incorretas, não costurou, não xingou os demais motoristas. Fui relaxando e quando vi, estava em casa, sã e salva. Subimos peguei o trabalho e vi pela janela Daniel seguir de volta para casa.

Essa semana ao chegar na faculdade, encontrei-o com um enorme sorriso no rosto. O trabalho o havia ajudado a passar. Aquele homem do tamanho de uma porta, estava feliz como um garoto no dia de seu aniversário. Diante da alegria de Daniel pensei: "tudo vale a pena, quando a alma não é pequena." E o que é uma voltinha de moto mediante a felicidade de um amigo?!

Para Daniel, my brother, que vai embora para o interior e vai deixar um vazio tão grande quanto ele.

Adeus Bicho-Papão.



Foi duro.
Foi difícil.
Mas como tudo na vida, passou.
Assim acabou as semanas de reinado do bicho-papão.
Agora só em agosto.
Mais uma vez, sobrevivi.

31 de mai. de 2009

O bicho papão da semana de provas vai te pegar.

Madrugada de sexta-feira, 29 de maio de 2009.

No quarto escuro Flávio ouve, em alto e bom som, o seguinte trecho de um diálogo, que eu travava com alguém em meus sonhos:

"- Não! Isso é processual. Nem coloque na sua cabeça."

Será que a semana de provas chegou, hem?

21 de mai. de 2009

Porque a beleza está nos olhos de quem vê.



A vida tem caminhos estranhos para nos levar onde devemos ir. Por vezes rebelamo-nos, arranjamos atalhos, sentamos a beira da estrada e fingimos que nada mais vai acontecer. Mas o destino não se importa e sorrateiramente nos guia, como um cão pastor, sem que percebamos para onde realmente estamos indo. Quando vemos, atravessamos o caminho, seja pela estrada, seja pelo acostamento, seja nos arrastando ou caminhando de boa vontade, mas sempre vamos encontrar o que nos é devido.

Essa breve introdução é para falar do filme Departures, Partidas em português, produção japonesa vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro, não que ganhar o Oscar seja a coisa mais importante sobre essa película, mas, infelizmente, acho que ele só se tornará conhecido devido essa nova etiqueta: ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Posso garantir que ele é muito mais do que isso.

O filme se passa em uma cidade do interior do Japão. O jovem Daigo Kobayashi estava realizando seu sonho de ser violoncelista de uma orquestra sinfônica em Tóquio, até que um dia, assim como por encanto, a orquestra foi desfeita e ele se viu diante da necessidade de voltar para a sua cidade natal, a tal do interior. Sem emprego, ele começa a procurar no classificados uma nova ocupação. Eis que surge uma vaga em uma agência de viagens. Ele segue para a entrevista e então começa a aventura.

O personagem arranja um emprego em uma agência de acondicionamento e não de viagens. Acondicionamento? Sim! O trabalho dele é acondicionar os mortos em seus caixões, mas antes deverá fazer a cerimônia de limpeza dos corpos e deixá-los o mais belos possível para que essa seja a última imagem que a família tenha deles, antes de sua derradeira partida. Entenda, trata-se de uma tradição japonesa, por isso mesmo, acho que a maioria dos que assiste se choca com o que vê. Mas com o desenrolar do filme, você começa a ver a beleza daquele ritual feito de silêncio, respeito e saudade. Como tudo que é oriental, cada movimento tem sua função e uma homenagem, ao morto e a sua família. Belo, muito belo.

Mas o que isso tem a ver com a introdução? O jovem Daigo deve percorrer um caminho tortuoso para acertar as contas com os fantasmas do seu passado e finalmente seguir em paz para o seu futuro. Os conflitos do mundo exterior, da intolerância social à função que ele abraçou sem muita vontade inicialmente , também nos deixa aprisionados ao filme. Atenção especial ao chefe de Daigo, o Senhor Sasaki. Ele é prático, seco, mas sem perder o olhar solidário diante da dor de quem sofre.

Tudo é uma questão de como estamos dispostos a ver os fatos da vida e com a morte não poderia ser diferente. Sua presença real e absoluta foi vista de uma forma tão bela, pelo diretor desta obra, que nos faz pensar que realmente trata-se apenas de uma partida para um lugar muito melhor.

12 de mai. de 2009

Uma noite inesquecível, quem me dera puder esquecê-la.



Clarice com 2.700g e um tamaninho de nada é a nova integrante da família Costa. Chegou no último dia 03 e já causou uma revolução. Parece ser bastante vaidosa, pois 5 dias após seu nascimento voltou para o hospital a fim de fazer bronzeamento artificial - na realidade ela tinha icterícia, mas precisamos encarar as coisas com humor, não é mesmo? A pequena Clarice é muito miúda e fora o bronzeamento não tem material, ainda, para uma postagem, portanto sigamos.

Eu vou contar aqui sobre a noite em que Clarice nasceu e como isso afetou as nossas vidas. Os pais foram para a maternidade e Pedro Miguel precisou dormir aqui em casa. Confesso que esperava um chororó sem fim, algo tipo: "eu quero a minha mãe", durante a madrugada, mas ele surpreendeu a todos, comportando-se como um viajante habitual muito bem instalado em qualquer hotel, albergue ou pousada. Assistiu filmes, passeou pela casa com desenvoltura e obviamente, resistiu com bravura ao sono, mas este o venceu.

Quando o coloquei em minha cama, imaginei na minha inocência de tia sem filhos, que com sorte ele não acordaria antes das 06h e portanto teríamos uma noite tranquila. De fato ele não acordou, no entanto, nem eu, nem Flávio dormimos.

Ocorre que o nosso querido afilhado caçula, não é cheio de energia apenas enquanto está acordado. Não! Ele não tem a opção desligar. Sua energia é constante e ele barbariza, também, enquanto dorme: fala, senta, chuta, gira na cama e deixa os não avisados de olhos bem abertos.

A certa altura desta noite de terror, a voz de trovão de Flávio implorou-me para trocarmos de lugar, pois ele dormia, ou tentava dormir na cama onde Pedro estava. Queria trocar, porque estava equilibrando-se em cima da costura do colchão, o pezinho esquerdo de Pedro Miguel estava em suas costas e a mãozinha em seu rosto, ali pousada tranquilamente depois de dar uns vários tapões na cara do tio. Eu senti uma profunda empatia pela sua agonia, mas fui logo acabando com as suas esperanças dizendo: "não adianta, porque o barulho que ele faz falando e mexendo-se na cama, não me deixava dormir e o meu colchão é duro como madeira de lei, portanto conforme-se com a sua linha da costura do colchão e continue equilibrado nela, que pelo menos é macia."

Antes das 6 horas, ele sentou-se na cama e foi quando o padrinho cometeu o erro fatal - abriu os olhos. Na penumbra do quarto, só se ouvia aquela vozinha linda e de pronúncia muito clara: Acordou, tio Flavinho? Não posso negar que o achei por demais irônico para os seus 2 anos e 5 meses. Como poderia tio Flavinho ter acordado , se sequer havia dormido? Em seguida perguntou onde estavam todos: a mãe, o pai, eu - que respondi com uma voz cansada: "aqui Pedro Miguel, aqui" - e pela avó que havia passado uma noite esplendorosa no outro quarto e que ele quis ver imediatamente. Com seus pequenos passos, passou por cima de mim, de Flávio e seguiu porta a fora, para alimentar o dia com toda sua energia, conseguida, é óbvio, através de seu sono revigorante.

Na noite seguinte éramos eu e Flávio dois zumbis, mas havia no meu rosto um certo sorriso, digamos que maquiavélico, pensando nas próximas vítimas daquele pequeno personagem de história de terror que não deixa ninguém dormir.

Na marca do penalti


Deixa eu contar algo que aconteceu no carnaval ainda. Vamos nos esforçar e esquecer a linha do tempo, ok?

Rafael veio passar o Carnaval comigo e trouxe a querida Thais. Um certo dia estavámos aqui em casa, enquanto eles descansavam entre uma folia e outra e Flávio sugeriu que jogassem futebol no playstation. Rafa, corintiano fanático escolheu o time do Parque São Jorge e Flávio, se não me engano, uma seleção africana. Não sei quem ganhou ou quem perdeu. Só sei que Rafael vibrava como se estivesse realmente no Pacaembu.

De repente eu senti vontade de mais uma vez tripudiar sobre esse alvinegro e disse: Agora eu e você, Rafa. Eu não entendo nada do joguinho. Os meus lances são os mais bizarros possíveis, mas eu queria provocar o Rafa naquilo que ele mais ama: o Corinthians. Começa a escolha dos times, eu escolhi o São Paulo Futebol Clube que durante muitos anos foi o grande carrasco dos manos e ele, obviamente, foi procurar o time dele. Então iniciou-se a minha alegria , o meu estava no elenco do Brasileirão e o dele na segunda divisão. Rafa, devo dizer que vocês podem não ter consagrado-se os melhores do mundo ou tricampeões do Brasileirão, mas tem, com certeza, um título inédito para nós, Campeões da Série B. Ironia, tudo é ironia...

O árbitro apita o inicio da partida, eu sequer sabia quais eram os meus jogadores, mexia no controle (joystick) aleatoriamente. Só dava chutão para frente, isto porque Flávio gritava: chuta! Os corintianos orquestrado por Mano Rafael iam até o gol constantemente, mas mesmo no Fifa Soccer, o Rogério Ceni defende todas. E assim terminou o primeiro tempo. As torcidas gritavam os seus gritos de guerra e o que iniciou-se como uma brincadeira, foi tornando-se o momento mais expressivo daqueles dias do reinado de Momo. Daqui a pouco aquilo era o jogo da minha vida. A defesa tricolor era uma muralha intransponível que o time de Rafael tentava em vão invadir. Houve um penalti contra nós, mas o Rogério, sempre o Rogério, o defendeu. Na cadeiras - leia-se sofá - Thais, tenho certeza, ficava aliviada cada vez que os meus jogadores defendiam a ofensiva de Rafael, mas essa é uma certeza que tenho só para mim. Flávio sentado na Geral - leia-se chão - com os olhos vidrados e eu pedindo a Deus apenas mais uns momentinhos, para decidirmos tudo nos penaltis. Não me lembro se houve prorrogação, a adrenalina era tamanha que eu só vejo flashes de tudo. Recordo-me apenas de dizer: o Ceni vai decidir tudo, ele vai defender e vai bater o gol que vai nos dar o título. O Rafa dizia: "aquele frangueiro". A torcida sãopaulina virtual invadia os meus ouvidos com seu grito de guerra enaltecendo o arqueiro,e eu no fundo só não queria perder para o Rafa. Sei que o empate persistiu e sendo assim penaltis. Aí eu tinha que escolher quem bateria. Coloquei o Borges, o Dagoberto e mais outros dois e por fim o Ceni.

O batedor do Rafa parecia ter como ídolo Roberto Baggio e chutou para fora por cima da trave. Rafa xinga e eu solto um suspiro aliviado. O meu batedor coloca nas mãos do Felipe. Tudo igual. O batedor do Rafa converte, e ele parece ter ganho na mega sena acumulada de dez anos. Outro tricolor bate e converte. Rafael xinga e eu fico em silêncio. O meu pensamento só dizia: não posso perder para o Rafa, para o Ibis, mas não para o Rafa. Terceiro chute dos Corintianos: pra foooooooooooooooora.

Daqui já não me lembro o que aconteceu direito, só sei que o último tiro seria do Ceni e se ele convertesse seríamos campeões daquela partidinha no sofá da sala, com duas testemunhas. Mas o que eles viram não foi quem ganhou ou quem perdeu, eles viram a mim e ao Rafa celebrarmos a nossa amizade, dessas e de outras vidas, rindo das nossas desgraças e adorando dividir aquele momento mágico. Éramos duas crianças impulsionadas pela rivalidade fraternal.

Agora eu estou na marca do penalti, e você em apnéia, daqui posso ouvir a batida do seu coração, esperando pelo desfecho dessa história, mas eu não vou chutar, ou melhor, contar quem ganhou e quem perdeu, porque o que aconteceu naquela sala, ficou naquela sala. O que realmente importa é que eu e meu amigo, dessa e de outras vidas, pudemos compartilhar um momento da nossa infância não vivida e que eu adorei.

Para Thais e Flávio que testemunharam a nossa velha infância.

Papel de pão e caneta bic na mão



Eu pensei em mais uma vez explicar a minha ausência. Falar das minhas mil e uma atividades e da falta de inspiração para escrever. Mas aí me lembrei de uma frase que sempre digo para aqueles que reclamam das mil e uma coisas que arranjam para fazer porque querem: "quem corre por gosto, não cansa". Então pouco importa se eu tenho ou não tempo e disposição, compromisso assumido e compromisso cumprido. Portanto, papel de pão e caneta bic na mão.

12 de abr. de 2009

A dura vida de celebridade


Essa semana tive um dia de celebridade.

Academia de ginástica, salão de beleza, almoço japônes no shopping e finalizando com tarde de compras (pelo menos tentativa, né?).

Conclusão: ô vida besta, sô!

8 de abr. de 2009

Pequeno gesto, grande cidadania.



Você está na parada de ônibus, reclamando do calor, da chuva, mas principalmente da demora do coletivo. Parece que vai chegar dezembro e o membro da realeza (via príncipe, via conde, via barão...) não chega. Lá pelas tantas, pelo menos no meu caso, a lataria branca começa a despontar na esquina e neste momento os futuros viajantes se arrumam como atletas em suas marcas. Quando o ônibus pára e a porta abre, eles se aglutinam e começa a guerra para subir, quem sobe primeiro tem maiores possibilidade de escolha de assento: janelas duplas, perto da porta, do lado contrário do sol (aqui em Recife isso é a diferença entre uma viagem agradável ou temerária).

Mas voltemos ao ponto que me trouxe aqui. Quando finalmente se chega ao querido cobrador, ocorre algo que realmente me indigna, alguém que estava na parada comigo, que esperou o ônibus por um tempo razoável, resolve na catraca abrir a bolsa e procurar o dinheiro ou o cartão de passagem. Se eu pudesse o arremessaria pela janela e com certeza seria aplaudida, por aqueles, que como eu, estão com sua passagem na mão, de preferência, dinheirinho trocado, que faz o cobrador carrancudo, esboçar algo como um sorriso de Monalisa.

Quando é mulher, e me desculpem as mulheres, a coisa ganha contornos tragicômicos, pois em suas bolsas do tamanho da África Meridional, cabe de tudo e a moedeira ou a carteira se perdem por intermináveis instantes, nos quais o motorista já chegou na outra parada e mais pessoas tentam entrar. Eu não entendo essa lerdeza, como diria minha mãe ou essa total falta de respeito que assola as pessoas e faz com que elas fiquem totalmente alheia a coletividade.

Portanto, "pelas caridade", antes de sair de casa ou mesmo no ponto do ônibus, separe a sua passagem e tenha uma boa viagem.

2 de abr. de 2009

As águas vão rolar

Ando meio meio apática para escrever. Embora venha aqui várias vezes, não consigo deixar sequer um bilhete, deve ser o famoso bloqueio.

Eu, rainha absoluta do Caneta Bic num Papel de Pão, rebatizar-lhe-ei de represa, pois está represando os meus pensamentos e meu desejo de escrever esses dias, mas podem ter certeza de uma coisa, já sinto um tímido filete d'água minando a imperiosa parede de contenção. Acho que em breve, muito em breve, teremos um rompimento no dique, porque o poder da água é maior do que o do concreto. E quando esta água romper as violentas margens que a comprime, invadirei o mundo com minhas palavras. Portanto, construa sua arca e prepare-se para navegar


Para Laura Falcão e Thais Santos que fizeram um "fuio na paiede".

5 de fev. de 2009

... você nunca leu nada igual!


Quem? sr krauze
Onde? Livraria Cultura
Quando? 16.02.2009
A que horas mesmo? 19h



3 de fev. de 2009

Bom Dia, Animal Planet

"Desculpe, eu fui olhar para o passarinho..."


Ontem na savana, houve um acidente envolvendo um búfalo, provavelmente eletricista e uma gazela, que até onde se sabe, escreve em um blog.

Segundo demais animais, que apreciavam água de coco na localidade do referido sinistro, a gazela desenvolvia velocidade constante e estava em sua faixa. No sentido contrário, seguia um búfalo, este distraiu-se ao observar dois passarinhos que faziam consertos em um poste, (leia-se homens da celpe). Acredita-se que ele ficou maravilhado e em plena curva entrou na via da gazela. Esta ainda gritou um "cuidado", que deve ter sido abafado pelo rugido dos carnívoros, que seguem do lado de lá da savana. Resultado, a pobre gazela bateu na lateral do búfalo e adivinhe quem levou a pior...

Uma queda, sem grandes consequências reais, apenas o corpo cheio de areia, coisa que a gazela detesta, um arranhão de nada na perna e avarias no guidão de Madame Souza, que já foi habilmente recuperado.

Depois de umas ironias básicas e pedidos de desculpas, seguiram cada qual para o seu caminho. As vezes mesmo entre os herbívoros pode haver momentos de tensão.

"O importante, é levantar-se, sacudir a areia e dar uma pedalada por cima disso tudo."- afirmou sorrindo a gazela, enquanto seguia para sua casinha.

PS: o búfalo não quis dar maiores declarações e apenas repetia, "desculpe, eu fui olhar para o passarinho..."

Dona Coruja, direto da Savana Herbívora para o jornal Bom Dia, Animal Platet.

2 de fev. de 2009

Meu limão, meu limoeiro.


O post anterior foi escrito pelo meu lado masculino e este será pelo feminino.

Dois seres humanos que se reconhecem um no outro. Uma vida de trabalho e lembranças sob a sombra de lindos limoeiros e um mundo dominado por toda maldade que pode habitar no imenso vazio dos que não têm alma.

Para Fabíola, que adora uma boa história, uma xícara de café ou uma limonada e sabe como ninguém valorizar isso tudo.

1 de fev. de 2009

Lemon Tree


Duas mulheres, uma plantação de limões e um mundo desgraçado conduzido por homens.

Bicicletas de Boa Viagem Ville - Final - A CONSULTORIA


Sempre que nos aventuramos por algo novo encontramos nossos pares. Uns podem ser iniciantes como eu e Flávio, outros podem ser veteranos como o meu consultor para assuntos ciclísticos, o Sr. Laércio.

Sr Laércio é nosso porteiro no prédio. Muito antes de eu chegar para morar aqui, ele já estava, para dizer a verdade, ele é patrimônio cultural e afetivo da nossa morada. Um dia enquanto estávamos lutando com as nossas bicicletas para definirmos a melhor altura da sela e do guidão, ele dividiu conosco a sua sabedoria sobre esse assunto. Primeiro explicou que as nossas pernas não podem extender-se completamente quando descemos o pedal, coisa que mais tarde os professores da academia de ginástica confirmaram. Que o guidão não pode nos deixar com as costas curvas, pois se isso acontecer ficaremos com dores. Que lado estava o freio traseiro e o dianteiro e como acioná-los corretamente para não voarmos como uma pedra sobre a bicicleta, além de outras coisinhas técnicas.

Mas o que eu gostei mesmo foi quando ele me explicou que a dele era bicicleta e que a minha era bike. Fiquei sem entender, mas ele não me deixou muito tempo a pensar e na sua imensa solidariedade com quem está começando a pedalar rapidamente explicou-me a diferença

As bicicletas são as mais fortes da espécie. Tem quadros reforçados, bagageiro e são mais pesadas. Não é à toa que seu maior ícone chama-se Barra Forte.

Já as bikes, são mais leves, menores, velozes e bonitas e em nome das bikes agradeço pelo bonita.

Levando para o animal planet as bicicletas seriam os búfalos e as bikes, as gazelas. Acho que Flávio vai trocar a bike dele por uma bicicleta ainda hoje.

Agradeci os ensinamentos e parti para a ciclovia. Quando cheguei lá novas portas da percepção haviam sido abertas. Pois agora eu já via a diferença entre as bicicletas. A primeira coisa que pude observar é que a ciclovia não é só para passear com o vento na cara, muitos do que estão ali, estão indo ou voltando do trabalho. E então enquanto pedalava percebia que as bicicletas levavam muitos trabalhadores e que, algumas vezes, no bagageiro havia pistas do ofício de cada um. Eram colheres de pedreiro, chaves de cano ou mesmo vestimentas que me lembravam a de Sr Laércio e dos outros que cuidam dos nossos prédios, como se fossem a casa deles. Eles seguiam apressados, mas seguros de si. As vezes na reta, uma porção deles passava por mim, justo eu que pedalo um espécie mais ágil, mas não tão ágil para os que fazem da sua bicicleta uma companheira ideal para grandes distâncias.

Por falar na outra espécie, lá está ela com suas cores chamativas, com uma elegância própria de uma gazela - ops, Flávio continuará sem gostar dessa comparação. Seus usuários podem ser divididos em dois grupos: os que estão apenas pedalando e curtindo a paisagem e os que estão esforçando-se por melhores marcas, usando capacetes, macacões que tem uma almofada costurada no traseiro e bicicletas que custam quase o preço de um carro. Esse grupo vê na ciclovia um espaço para exercitar-se e/ou tomar uma água de coco.

Sim, a ciclovia é democrática e como numa savana a coabitamos sem medo dos carnívoros, que seguem dentro de suas caixas de metal despejando todo CO2 que podem.

31 de jan. de 2009

Bicicletas de Boa Viagem Ville - Capítulo II - MADAME SOUZA E BRUNO.


Desde que viu as obras da ciclovia pela primeira vez, o menino pimenta que mora dentro de Flávio despertou. E por causa desse despertar, ele começou a sonhar com a bicicleta que o levaria para passear junto a brisa do mar.

Em dezembro, no seu aniversário para ser mais precisa, sua mãe o presenteou com uma bicicleta vermelha. Para mim é vermelho cereja, mas ele rapidamente retifica dizendo ser vermelho fechado.

Como diz Eclesiastes: "Melhor é serem dois do que um, porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro, mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante." E baseado nesta pérola poética, Flávio decidiu que nós deveríamos andar de bicicleta juntos e então foi a vez dele presentear. Ganhei uma bicicleta vermelho diabinho, que ele logo disse que era vermelho aberto e uma buzina de plástico no formato de um cachorro.

Não deu outra, a minha bicicleta ganhou nome: Madame Sousa e o cachorrinho buzina tornou-se Bruno, afinal o que seria de Madame Souza sem seu fiel escudeiro? Se você não entendeu é porque não assistiu a fabulosa animação "Bicicletas de Belleville" e isso é muito mau. Tem certos filmes que se não assistirmos não garantimos o nosso lugar no reino dos céus e esse, com certeza, é um deles. Portanto siga para a locadora, imediatamente, preferencialmente de bicicleta, leve seu cachorro e vá pegar essa preciosidade, antes que o dia do juízo final chegue.





Bicicletas de Boa Viagem Ville - Capitulo I - A CICLOVIA


Na minha época de criança ganhar uma bicicleta era um marco. Descobrir o mundo sobre as suas duas rodas próprias era o símbolo maior de independência que uma criança podia almejar. Tardes inteiras pedalando sem lenço, sem documento e sem medo. Lembro-me que a minha primeira bicicleta foi uma monareta e que a ganhei em outubro de 1980. Ela era verde água metálica. Improvisou-se uma cestinha de palha para que eu pudesse ir a quitanda buscar algo quando minha mãe precisasse. Fomos uma família de cicilistas. Meu pai nos levava nas horas iniciais dos dias para desfrutarmos a nossa bela cidade plana como um LP. Doces lembranças da minha velha infância.

A cidade mudou e não foi para melhor. O aumento de carros estreitou as ruas e a violência, essa mancha escura e fétida que se espalha por todo o nosso país, nos mantém aprisionados dentro de muros e grades e devido a isso a liberdade necessária para pedalarmos foi-nos roubada. Olho pelos alambrados dos prédios e vejo um bando de pré-adolescentes em suas gaiolas de ouro, sem sequer imaginar como seria divertido entrar em todas as ruas do seu bairro de bicicleta durante a temporada de férias.

No entanto, aqui pelo lado da zona sul uma nova obra pode ser a condição para tirarmos o transporte ecologicamente correto do ostracismo. É fato que a ciclovia do calçadão é por demais modesta diante da necessidade de vias para esse transporte, mas ela está lá para ser usada e parece que é exatamente isso que a populaçao está fazendo.

29 de jan. de 2009

O sonho entrou por um ouvido e saiu pelo outro.


Você algum dia teve um sonho de infância, que por algum motivo não realizou? Pode ser um sonho comum como ir a Disney, ter um Dálmata ou usar uma fantasia de super herói. Pode ser também um sonho estranho, como quebrar o braço para poder colocar gesso que deveria ser todo riscado pelos seus amigos de escola, usar aparelho ortodôntico ou mesmo um par de óculos. Ou ainda sonhos peculiares e diria até pessoais e intransferíveis, como ter um sapo de estimação que você batizaria de Barnabé, mas esse sua mãe logo vetou. Às vezes o fato desses sonhos estarem no mundo do inatingível os torna ainda mais desejáveis. Até que um dia, acidentalmente, e na maioria das vezes é assim, ele se torna realidade e você descobre que enquanto ele foi sonho era bem melhor. E foi exatamente isso que aconteceu comigo hoje.

Como eu já havia contado lá trás, eu estou na academia e por causa dela tenho lavado o meu cabelo diariamente, esse meu cabelo que lembra Sansão em seus aúreos tempos, portanto haja sabão e água para tirar todo e qualquer suor. Obviamente a água segue o caminho que a gravidade ordena, ela desce e descendo entra no ouvido e isso acontecendo um excesso de cera é produzido dentro do conduto auditivo externo (chique, né?). Entre as minhas manias está a dos cotonetes. EU AMO COTONETES, mas fazia muito tempo que não os usava. Terça-feira não tendo o que fazer, resolvi limpar os ouvidos. O que aconteceu? Limpei um pouco e o resto da cera empurrei para o meu tímpano direito: fiquei surda! Você, talvez diante de tal adversidade, ficasse nervoso, preocupado, pensando mil e uma coisas, mas eu fiquei feliz. Calma, não chame os homens de branco e sua jeitosa camisa de mangas loooongas que amarra atrás. Este intempérie seria convertida em vantagem, pois permitiria que eu realizasse um sonho de muitos anos: lavar os ouvidos! Que? Você deve estar se perguntando. Como assim lavar os ouvidos? Que sonho mais ridículo é esse? É ridículo, mas é meu, e acredito, que de todos aqueles, que como eu, amam cotonetes. Se eu pudesse colocaria uma toalha em um ouvido e a tiraria pelo outro, mas infelizmente isso não é possível, nem mesmo para os cabeças ocas ou de vento.

Agora vamos aos fatos. Cheguei no consultório do meu otorrino, aquele que me salvou das vertigens da labirintite e que devido a isso será sempre "o meu herói". Não posso negar que tive medo que ele dissesse que não seria necessária a lavagem. Seria literalmente um banho de água fria nos meus sonhos. Ele olhou o meu ouvido e docemente informou que não era nada demais, que uma lavagemzinha resolveria o problema. Aquilo foi canção para os meus ouvidos, inclusive o entupido. Ele esquentou a aguinha, sim porque tudo que é bom é com água morna e tchan, tchan, tchan, tchaaaaan. Colocou um jato de água dentro do tal conduto. Depois outro e quando eu vi, ou melhor ouvi, todos os sons tinham voltado, mas a sensaçao que eu queria não tinha acontecido. Na minha cabeça, acho que esperava por uns 10 minutos de lavagem. Na realidade eu não sei bem o que esperava, mas não era aquilo. Por fim, ele ainda pega uma haste comprida e metálica, com um algodão na ponta e coloca dentro do ouvido o que me causou um desconforto incrível, embora nao tenha doído.

Saí de lá ouvindo tudo, com o ouvido limpo e bastante decepcionada com a realização do meu sonho de criança. Vai entender, né?

25 de jan. de 2009

Nas asas da amizade



Embora eu nunca tenha sido vítima direta do descaso aéreo que assola esse país, sempre solidarizei-me com as suas vítimas. Porém ontem eu agradeci, pois graças a mais um atraso da GOL, Rafael perdeu a conexão para Noronha e está aqui na nossa casinha, onde já já vamos assistir a final da Copa São Paulo de Juniores, segundo ele, de mãos dadas torcendo para o Corinthians. Como é bom ter os amigos conosco.

24 de jan. de 2009

Rubiane no país dos tanquinhos.




Todos os dias, durante essas adoráveis, e quase findadas, férias estou indo a Academia de Ginástica. Oh Deus, o Senhor em sua infinita sabedoria e misericórdia concedeu-me um pouquinho de inteligência, já que como atleta eu sou um perfeito fracasso.

Dia após dia, disciplinadamente, marcho para a academia a fim de cumprir o meu dever físico, pois a deserção seria condenada com a morte, morte do meu sonho de usar um manequim 42. Entre músicas tututututututu, polias, pesos e contra-pesos, contagens que vão de 1 a 8 e de 8 a 1 e finalmente a campanha "Carnaval sem camisa", lançada obviamente na aula de abdominal, sigo minha via dolorosa, sabendo que exercício físico é como cruz, cada um que carregue o seu.

Como boa Pollyanna que sou, tento ver o lado bom da situação, mas devo confessar que desta vez estou precisando de bons óculos para minha miopia de sedentária assumida ou como dizem os americanos coach potato.

Quase um mês depois, ainda me sinto um peixe fora d'água no mundo dos sarados. Eu não entendo a cara de felicidade deles durante os malfadados exercícios. Depois de muito pensar cheguei a seguinte conclusão: é a tal da descarga de endorfina, que deve acometê-los como um tsunami. Já no meu "corpitcho" deve, se muito, ocorrer um tímido gotejamento e eu com a minha mania de economizar os recursos, inconscientemente, vou lá e fecho a torneirinha.

Ainda no quesito "eu quero entender" tem as TVs da sala de esteiras. São cinco, onde cada uma passa um tipo de programação: Discovery Channel, SportTV, Notícias, todas no modo mudo. A única que tem voz, voz ativa é a da Globo e veja que beleza, enquanto eu suo para queimar as calorias, a Ana Maria Braga nos ensina como fazer pães doces, tortinhas e geléias. Não seria mais apropriado vermos e ouvirmos o Sport TV ou quem sabe a Discovery para exercitarmos o cérebro além dos músculos? Mas essas minhas críticas devem ser infundadas, devem existir por eu não ser um deles: os sarados. Afinal eles podem comer tudo, eu é que não.

E para terminar, tenho que contar da minha aula de Body Jump. Seria trágica, se não fosse cômica. Não me enganei, é exatamente este a ordem. Eu tenho uma coordenação motora passível de pesquisa. Ainda hoje não sei como consigo andar de bicicleta, pois tenho dificuldades sérias para coordenar meus movimentos amplos. Mas como estou de férias achei que valia a pena tentar. Quando dei por mim, estava numa mini cama elástica, pulando ou tentando pular de um pé só, depois com outro, depois com os dois ao mesmo tempo e aquele espelho me deixando ainda mais confusa. Depois era rodar, era pular dois pulinhos de cada vez. Foi dando curto circuito, curto circuito e o meu cérebro me perguntava: o que é que tu estás fazendo aqui? Observava minhas companheiras de aula, que pareciam em transe e seguiam perfeitamente as instruções do professor que sequer suava. Depois de quinze minutos, aproveitando um descuido do mestre escapei daquela fábrica de fazer doido. Não me senti totalmente derrotada, porque atrás de mim seguiu uma legião de incapazes, como eu.

Que todo meu sacrifício seja válido e que eu possa, dentro em breve, usar a tão sonhada calça jeans 42.



Para Chatarina Xuxu, que assim como eu, sofre no mundo dos sarados.

17 de jan. de 2009

Resoluções de Ano Novo



Todo mundo faz, então eu também quero fazer.
Eis as minhas promessas de Ano Novo:


  • Emagrecer;
  • Fazer exercício (aí meu Deus);
  • Não beber refrigerante;
  • Nao ir para final em matéria alguma;
  • Seguir, religiosamente, meu orçamento;
  • Ler 2 livros por mês, pelo menos;
  • Ver mais meus amigos;
  • Ser ainda mais feliz!

5 de jan. de 2009

É o fim do mundo mesmo...


Heresia!
Heresia!
Hoje está tão quente,
Que tomei
Banho de água fria.