23 de nov. de 2008

Pedro Miguel e a pergunta que não quer calar.


Nós temos dois afilhados: João e Pedro Miguel. Mas como eles são muiiiiiiito especiais, futuramente, vou dedicar a cada um deles um texto em particular. Agora prefiro contar um fato engraçadíssimo, que aconteceu com o caçula.
Pedro Miguel fará dois aninhos esta semana. Sendo ele o primeiro filho, neto e sobrinho, qualquer novidade é sempre uma apoteose - logo, a ida à escola não poderia ser diferente. A avó, toda orgulhosa com a introdução do neto no mundo das letras, resolveu presenteá-lo com utensílios escolares de primeira necessidade: bolsa e lancheira. Obviamente, o presente veio embalado, em papel colorido, cheio de desenhos. Ao deparar-se com o pacote, o miúdo, cheio de sonhos e expectativas, não se fez de rogado. Todo feliz , destruiu o papel da maneira que deve ser feito: furiosamente, este sim modo correto de abrir os nossos regalos. Mas de repente o sol se foi para de trás das nuvens , pois ao deparar-se com a bolsa e a lancheira, Pedro Miguel olhou para a avó e questionou:
"E o carrinho?"
Oh vovó, assim enfraquece a amizade....

19 de nov. de 2008

O Sol é para todos, mas pode ficar com a minha parte para você.



O calor chegou e parece que veio para ficar. Nossa como está quente. Sinto-me em um vestibular para inferno. Tenho protagonizado cenas ridículas como a de usar leque no ponto do ônibus. Chego a sentir uma tristeza profunda, quando penso que terei que ir à rua, nem que seja aqui na esquina. Que calor é esse?! Eu, como já disse em outra postagem, nunca conseguir ver graça no calor. Renata e Rosana que a esta época do ano estão batendo os queixos e sofrendo as agruras do inverno, vivem retrucando-me dizendo que o frio é muito pior.Se eu fosse besta, entrava nesta discussão, que obviamente, não terá fim nunca, já que a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa. Mas sinceramente, qual a graça que há em suar como um chaleira no fogo? De que serve o verão para pessoas como eu, que detestam praia, cerveja e sol? Que felicidade há em esperar a conta da luz com o uso constante do ar-condicionado? Estamos sempre melecados, por mais banho que tenhamos tomado. Ai o sol, os trópicos, as brotoejas.... A temporada ainda nos impõe regras de beleza. Sim, no verão temos que ser magros, sarados e sempre sorridentes... Olha aí outro motivo para eu achar nossas diferenças são irreconciliáveis. Academia, pelo a menos a de ginástica, nunca foi meu forte. Sou fraquinha e deve ser por isso que não consigo malhar. Na realidade só consigo malhar o pau no verão. Neste exato momento uma bola de fogo incandescente está por trás da minha cortina, que bravamente tenta defender a nossa casinha do poder caústico do astro rei. Dizem que a temperatura vai subir ano a ano. Do jeito que vai poderemos, em breve, aposentar nossos fornos e colocar a comida para assar na janela.
Na próxima encarnação quero vir pinguim.

8 de nov. de 2008

Bateria descarregada



"Você está com sono,
Muito sono,
E quando eu contar até três
Você vai dormir profundamente"
Em breve eu conto porque estou tão cansada.

4 de nov. de 2008

Deus ajuda a quem cedo madruga



Era 5h30 quando Flávio me "obrigou" a assistir Wall-E. Devo dizer que as 5h30 da manhã ainda não sou o habitual ser bem-humorado e centrado que você conhece, pois esse só bate o ponto às 8h. Mas para não começar o dia deixando o meu lado monstro vencer o meu lado médico, segui para o sofá pensando: "se for chato, cochilo e acabou". Precisou de três minutos, isso mesmo, apenas três belos minutos, para que eu ficasse totalmente apaixonada pelo protagonista do filme.
Eu poderia falar sobre a história, sobre o roteiro, sobre o maravilhoso e irretocável trabalho da Pixar - que entendeu que criança não é burra e por isso mesmo faz cinema de qualidade para esse público tão inteligente, agradando os miúdos e emocionando os pais e agregados.
O filme tem diversas passagens da literatura e do cinema. Músicas de extremo bom gosto e sacadas fantásticas, como o barulhinho típico do iMac ao ser iniciado. O nome da nossa heroína, remetendo a primeira mulher, aquela que fez companhia a Adão, quando ele vivia por essas bandas, sozinho... O animalzinho de estimação de Wall-E é aquele que sobreviverá a hecatombe nuclear, mas que a Pixar faz ficar tão lindo quanto um cachorrinho peludo. A falta de diálogo entre os personagens principais é outro atrativo. No cinema isso é a certeza absoluta que uma imagem vale mais do que mil palavras.
Mas é lógico que os humanos também aparecem no filme. A crítica a raça humana é fina como uma agulha, mas o líquido dentro da injeção é grosso. No filme somos seres gordos, preocupados apenas com nós mesmos, que vivemos conversando com os outros através de aparelhos, mas não temos a mínima idéia de quem está do nosso lado. É o mundo dos mp3, dos telefones celulares, das áreas de internet grátis, que nos levam para onde quisermos, sem precisarmos sair de nossas cadeiras e nos liberta da presença do nosso vizinho. É a sociedade do "eu me basto".
Poderia ficar aqui falando horas sobre o filme, porque ele realmente merece, mas eu quero que você assista, reconheça as pistas de literatura e cinema e que principalmente possa se divertir e emocionar, como eu tive o prazer de fazer. Agora uma coisa tem que ser dita: não perca os créditos, provavelmente é o mais bonito e inteligente que eu já vi na minha vida. Se você curte artes plásticas vai continuar reconhecendo muitas outras coisas.

2 de nov. de 2008

Pelas águas do Capibaribe

Foto: Flávio Costa

Eu tenho as mãos e os dedos magros e longos, as quais meu avô paterno chamava de mãos de carcamano. Elas são iguais as do meu tio Rui, mas não são só as mãos que são iguais, além desta característica genética, temos em comum a paixão por viagens e museus, nos quais adoramos ler as placas, embora nossos acompanhantes estejam sempre dizendo: "vamos embora, vamos embora!"
Pois bem, neste mês de outubro tive a grande felicidade de recebê-los em minha casa. Foram dias maravilhosos. Ele e minha linda tia Ivani chegaram com um belo itinerário a ser cumprido, muita disposição e um carinho enorme pela nossa cidade. Fomos aos Brennand, a restaurantes, ao centro histórico, a Olinda, mas teve um passeio que nos surpreendeu de forma muito positiva. Trata-se do passeio noturno do Catamarã.
Sem sombra de dúvidas Recife é uma das mais belas cidades do país, desculpando-me as demais, se não for a mais bela. Em sua peculiar geografia encontra-se o rio Capibaribe, sua vegetação e ilhas que foram ligadas graças ao desejo do homem de estar em todos os lugares e para isso fez-se as pontes, marca registrada da nossa cidade. Elas, que em sua ampla maioria, são imóveis (lembre-se das giratórias e das levadiças) nos permitem a total mobilidade na cidade dos mangues. Pois bem,o referido passeio nos leva a ver o Recife de outro ponto de vista, de dentro do rio. Passamos sob sete pontes com direito a pedidos e salva de palmas e vemos a cidade emoldurada pela noite. E como é bela a minha cidade. Seus prédios antigos, seus murais de Brennand, sua vegetação fluvial, tudo nos remete à poesia. Recife é uma antiga dama, a qual se observarmos com total atenção e carinho poderemos ver a sua infinita beleza apesar das marcas do tempo e dos descasos que lhe foram impostos. Portanto, se você não estiver fazendo nada, vá até o bar Catamarã, lá no Forte das Cinco Pontas e entregue-se ao rio Capibaribe. E para influenciar ainda mais essa idéia deixo um texto de "A tarde no Recife", do poeta, engenheiro e recifense Joaquim Cardozo.

Tarde no Recife

Joaquim Cardoso


Da ponte Maurício o céu e a cidade.
Fachada verde do Café Máxime.
Cais do Abacaxi. Gameleiras.
Da torre do Telégrafo Ótico
A voz colorida das bandeiras anuncia
Que vapores entraram no horizonte.

Tanta gente apressada, tanta mulher bonita.
A tagarelice dos bondes e dos automóveis.
Um carreto gritando — alerta!
Algazarra, Seis horas. Os sinos.

Recife romântico dos crepúsculos das pontes.
Dos longos crepúsculos que assistiram à passagem
[dos fidalgos holandeses.
Que assistem agora ao mar, inerte das ruas tumultuosas,
Que assistirão mais tarde à passagem de aviões para as costas
[do Pacífico.
Recife romântico dos crepúsculos das pontes.
E da beleza católica do rio.

Para meus tios Rui e Ivani, que têm sempre um olhar apaixonado pelos lugares a desvendar

Estou atrasada! Estou atrasada!



Como diria Roberta Miranda: - “São tantas coisas....”. Na realidade foram tantas coisas em tão pouco tempo, que acabei me afastando do bic por um curto, mas doloroso, período. No entanto vamos ver como isso como matéria-prima abundante para o nosso blog, ok?