2 de nov. de 2008

Pelas águas do Capibaribe

Foto: Flávio Costa

Eu tenho as mãos e os dedos magros e longos, as quais meu avô paterno chamava de mãos de carcamano. Elas são iguais as do meu tio Rui, mas não são só as mãos que são iguais, além desta característica genética, temos em comum a paixão por viagens e museus, nos quais adoramos ler as placas, embora nossos acompanhantes estejam sempre dizendo: "vamos embora, vamos embora!"
Pois bem, neste mês de outubro tive a grande felicidade de recebê-los em minha casa. Foram dias maravilhosos. Ele e minha linda tia Ivani chegaram com um belo itinerário a ser cumprido, muita disposição e um carinho enorme pela nossa cidade. Fomos aos Brennand, a restaurantes, ao centro histórico, a Olinda, mas teve um passeio que nos surpreendeu de forma muito positiva. Trata-se do passeio noturno do Catamarã.
Sem sombra de dúvidas Recife é uma das mais belas cidades do país, desculpando-me as demais, se não for a mais bela. Em sua peculiar geografia encontra-se o rio Capibaribe, sua vegetação e ilhas que foram ligadas graças ao desejo do homem de estar em todos os lugares e para isso fez-se as pontes, marca registrada da nossa cidade. Elas, que em sua ampla maioria, são imóveis (lembre-se das giratórias e das levadiças) nos permitem a total mobilidade na cidade dos mangues. Pois bem,o referido passeio nos leva a ver o Recife de outro ponto de vista, de dentro do rio. Passamos sob sete pontes com direito a pedidos e salva de palmas e vemos a cidade emoldurada pela noite. E como é bela a minha cidade. Seus prédios antigos, seus murais de Brennand, sua vegetação fluvial, tudo nos remete à poesia. Recife é uma antiga dama, a qual se observarmos com total atenção e carinho poderemos ver a sua infinita beleza apesar das marcas do tempo e dos descasos que lhe foram impostos. Portanto, se você não estiver fazendo nada, vá até o bar Catamarã, lá no Forte das Cinco Pontas e entregue-se ao rio Capibaribe. E para influenciar ainda mais essa idéia deixo um texto de "A tarde no Recife", do poeta, engenheiro e recifense Joaquim Cardozo.

Tarde no Recife

Joaquim Cardoso


Da ponte Maurício o céu e a cidade.
Fachada verde do Café Máxime.
Cais do Abacaxi. Gameleiras.
Da torre do Telégrafo Ótico
A voz colorida das bandeiras anuncia
Que vapores entraram no horizonte.

Tanta gente apressada, tanta mulher bonita.
A tagarelice dos bondes e dos automóveis.
Um carreto gritando — alerta!
Algazarra, Seis horas. Os sinos.

Recife romântico dos crepúsculos das pontes.
Dos longos crepúsculos que assistiram à passagem
[dos fidalgos holandeses.
Que assistem agora ao mar, inerte das ruas tumultuosas,
Que assistirão mais tarde à passagem de aviões para as costas
[do Pacífico.
Recife romântico dos crepúsculos das pontes.
E da beleza católica do rio.

Para meus tios Rui e Ivani, que têm sempre um olhar apaixonado pelos lugares a desvendar

2 comentários:

Milena Magalhães disse...

RUBI! pois eu não fiz este passeio! preciso resolver isto com urgência! mas tô pensando num jeitinho de em breve... ai ai. e como deve ser bom morar numa cidade e ter este amor todo por ela!

um beijo grande.

Anônimo disse...

Quem mais se garante na fotografia chama-se: Flávio Costa.
E no texto e na narração descrita nos detalhes da linda cidade em que vivemos chama-se: Rubiane Xavier (vulgo Bullock ou Xuxuzinha)
;)
Beeejos

Catharina