15 de out. de 2008

Dia dos Professores

Na vida nós sempre buscamos acumular, pode ser dinheiro, propriedades, status, amigos entre outras coisas. Todas elas nos são caras e temos dificuldade de dividi-las, buscamos protegê-las e quando possível passar para nossos descendentes. Mas tem uma coisa que acumulamos e que invertendo a ordem rígida da matemática, quanto mais dividimos, maior é seu quociente: conhecimento. Só que este é um bem da alma, que temos que usufruir por inteiro já que não vai figurar em testamento algum. E aí é que entra esse personagem que sempre me encantou, o professor.

O professor é aquela figura que tem como seu maior patrimônio o conhecimento e fica feliz em dividir com seus alunos. Agora quer ver ele feliz mesmo é quando um de nós recebe a dádiva e começa a pensar sobre ela. Quando ela mexe com a gente e já não estamos mais no mesmo lugar. Nunca mais seremos os mesmos depois de receber aquele ponto de luz em nossos neurônios.

Têm vários tipos de professores: o show-man, o tímido, o severo, o meigo, o que está aprendendo, o viciado (aquele que não precisa mais dar aula, mas segue para a sala com toda empolgação), o que usa vários recursos, o que só usa um lápis pilot, o que ri com a turma, o que faz a turma chorar. Todos eles são únicos e todos eles entregam para nós o que eles julgam ser sua maior riqueza e talvez por isso mesmo a figura deles me emocione tanto.

Eu desejo a todos os mestres do mundo tudo de bom que houver nessa vida.

11 de out. de 2008

Dom do Amor.




Hoje, durante o meu momento relax, eu estava vagando na internet, abrindo página aqui, página ali e de repente descobri em uma matéria do Pernambuco de A/Z, uma carta inédita de Dom Hélder Câmara, carta esta que ele escreveu no dia que assassinaram brutalmente Padre Henrique, seu assessor direto.
Como se trata de uma manhã preguiçosa de sábado resolvi procurar no Grande Oráculo (leia-se Google), que informações havia sobre o Padre Henrique. Obviamente, o nome dele estava sempre atrelado a Dom Hélder. Quero antes de retomar o tema Dom Hélder dizer que Padre Henrique foi bem mais do que apenas o assessor direto do Arcebispo de Olinda e Recife na década de 60. Ele era um jovem preocupado com a integração entre pais e filhos, em um tempo que havia se aberto um fosso imenso entre essas duas "categorias" de cristãos. Corajoso e cioso de sua missão, mesmo quando amplamente ameaçado por covardes (pior tipo de ameaça que há, pois nela não qualquer vestígio de honra e sem honra não há misericórdia) o padre Henrique permaneceu acreditando em seu trabalho até que foi massacrado pelas forças da repressão.
Mas o que falar de Dom Hélder? Quando eu era criança, por diversas vezes o encontramos no centro da cidade, com suas batinas bege e aquele colarinho que é tão peculiar aos padres. Minha mãe recorda-se de vê-lo muitas vezes olhando para o alto - hoje acho que ele estava conversando - como se admirasse a beleza do azul do céu recifense. Mas o que realmente era bonito de se ver, era como ele era afetuoso com aqueles que o encontravam e vinham falar com ele. Acho que quem ama seu semelhante, sempre vê a si mesmo no outro, talvez por isso ele celebrasse com tanto carinho esses encontros.
Durante a minha pesquisazinha de nada, pude ver o quão injustiçado o Dom Hélder foi. Imagine você o que é ser acusado, achincalhado, ter suas palavras deturpadas e não poder, por ordem tácita e expressa do Estado, ter ampla defesa ou direito do contraditório e mesmo assim não esmorecer. Acreditar sempre nos seus ideais e que nada foi em vão. Creio que sua angústia de homem, foi diversas vezes esmagada por sua fé e agradeço a ele por isso. Acreditava que dias melhores viriam e não só acreditava, como fazia por onde abrir caminho para eles. " Eu aprendi isto em 1980, quando estudava as ocupações no Recife, e pude constatar que o D. Hélder Câmara contratava os melhores jovens advogados do Recife para poder apoiar a luta pela legalização das ocupações de terras à luz de preceitos constitucionais, que ainda não eram os de 1988, e organizava à volta da ação judicial uma forte mobilização política"(1).
Dom Hélder se importava com o seu semelhante. Queria que todos tivessem uma vida melhor, digna e feliz. Ele buscava o que todos devem buscar, justiça social e respeito ao próximo. Não é à toa, que só ele tem o título de Dom do Amor

Para você que ficou comigo até agora, uma frase de Dom Hélder:

“Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante ... Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo...”

(1) Para uma Revolução Democrática da Justiça. Boaventura de Souza Santos.
Cortez Editora, 2007.

5 de out. de 2008

Esperança desbotada


Hoje cheguei a uma conclusäo: as eleições emocionantes, apaixonantes, com cara de final de campeonato de futebol, acabaram. Nunca, em todos esses anos que voto, vi tamanha apatia nas ruas.
Não sei se foram as urnas eletrônicas, a caçada implacável a boca de urna ou, o mais óbvio de tudo: o desencanto total com a nossa ilustre classe política. Tudo que sei dizer é que muita coisa mudou desde da linda e emocionante eleição de 2000 aqui em Recife e não foi para melhor. Neste momento sinto uma nostalgia grande daquele dia, da felicidade que invadiu a cidade, de podermos acreditar que algo diferente iria acontecer. Se aconteceu é outra história, até porque não estou aqui para fazer apologia a partido f, l ou t.
Naqueles dias, para os que não se lembram, nós pudemos nos sentir, do mesmo modo que se sentiram os que assistiram o duelo de Davi e Golias. Toda a equipe do prefeito da época, que tentava a reeleição, aliás tentava não, porque tentativa é feita de erros e acertos e a tal equipe não via no que errar, acreditava piamente que estavam ali só para cumprir tabela. A arrogância era compatível com o ego e o valor da campanha.
Do outro lado tínhamos um candidato tímido, um pouco desajeitado dentro do terno que era um tanto quanto grande para ele e que resolveu entrar na batalha como pudesse e que iria lutar o quanto desse. E assim foi feito.
Primeiro turno: muitas bandeiras de Golias, boca de urna fardada, com chefe de setores, tudo pago, com direito a lanche e passagem. Do outro lado uma militância pobre comendo pippo´s, porém apaixonada, que apesar do que indicava as pesquisas era fiel a sua esperança. Mesmo que tudo terminasse naquele domingo, a militância teria ido até o fim. Votou-se. Apuração. Segundo turno. Epa! Segundo turno? Como assim? Aí queridos, a história mudou de figura. A militância que até então era serenamente solidária, tornou-se alucinada. Sabe como é: quando nada é certo, tudo é possível. Era tanta gente feliz, tanta gente na rua, tanta gente acreditando em um outro final, que aquilo contagiou a cidade e a pequena fagulha transformou-se em uma fogueira que foi vista pelos 4 cantos do país. A equipe de Golias não se preparou para o inesperado e isso a deixou atordoada. Era visível a sua postura de barata tonta.
Até aqui nada estava definido, acordamos naquele domingo sem saber o que o destino nos reservava. Isso sim é emoção. Posso rever meus passos na rua que me levava a minha seção eleitoral. Não precisa nem dizer que estava vestida com a cor do pequeno Davi. Ao passar por uma moça com uma grande bandeira adversária ouvi a seguinte pérola dela para um eleitor: "vá lá amigo, que hoje a noite vamos apagar essa estrela deles" hoje indo votar senti falta daquela provocação. Calma, já está terminando. Pois bem, fomos para casa e começa a apuraçao. Minha irmã Renata na casa dela, ligava-me a cada dois minutos e perguntava "e aí?, pois havia desligado a TV e o Rádio já que não aguentava a pressão. "Rê, Golias está na frente." "Rê, Davi passou" e assim foi durante umas 3 horas. Um sofrimento delicioso. Eu prefiro acreditar que tenha sido uma peça do destino, que sabe contar histórias como ninguém, mas o fato é que a apuração seguia apertada, apertada, apertada, até que de repente a cidade começou a pular, pular, pular, agora só faltava as urnas de Casa Amarela, bairro tradicionalmente militante do partido do pequeno Davi, que venceu pela diferença de 0.73%. O que se assistiu a seguir foi uma festa cívica linda. As pessoas estavam carregadas de esperanças e como é bom ter esperança. Recordo, com grande emoção, da alegria na voz da minha irmã. Ela foi juntar-se aos outros tantos sonhadores que invadiram o marco zero. Uma festa que varou a noite e que tinha tanto brilho que não apagou, mas com certeza ofuscou as estrelas.
Depois do que vi hoje, temo que nunca mais haja outra noite daquela.

Para Renata que é uma guardiã da esperança.

Provas

E assim acabou a semana de provas...



Será que esses homens de branco são um sinal sobre o meu futuro?????

Para todos os meus amigos do 2º NB, que foram os melhores companheiros de maratona que alguém pode ter.