21 de mai. de 2009

Porque a beleza está nos olhos de quem vê.



A vida tem caminhos estranhos para nos levar onde devemos ir. Por vezes rebelamo-nos, arranjamos atalhos, sentamos a beira da estrada e fingimos que nada mais vai acontecer. Mas o destino não se importa e sorrateiramente nos guia, como um cão pastor, sem que percebamos para onde realmente estamos indo. Quando vemos, atravessamos o caminho, seja pela estrada, seja pelo acostamento, seja nos arrastando ou caminhando de boa vontade, mas sempre vamos encontrar o que nos é devido.

Essa breve introdução é para falar do filme Departures, Partidas em português, produção japonesa vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro, não que ganhar o Oscar seja a coisa mais importante sobre essa película, mas, infelizmente, acho que ele só se tornará conhecido devido essa nova etiqueta: ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Posso garantir que ele é muito mais do que isso.

O filme se passa em uma cidade do interior do Japão. O jovem Daigo Kobayashi estava realizando seu sonho de ser violoncelista de uma orquestra sinfônica em Tóquio, até que um dia, assim como por encanto, a orquestra foi desfeita e ele se viu diante da necessidade de voltar para a sua cidade natal, a tal do interior. Sem emprego, ele começa a procurar no classificados uma nova ocupação. Eis que surge uma vaga em uma agência de viagens. Ele segue para a entrevista e então começa a aventura.

O personagem arranja um emprego em uma agência de acondicionamento e não de viagens. Acondicionamento? Sim! O trabalho dele é acondicionar os mortos em seus caixões, mas antes deverá fazer a cerimônia de limpeza dos corpos e deixá-los o mais belos possível para que essa seja a última imagem que a família tenha deles, antes de sua derradeira partida. Entenda, trata-se de uma tradição japonesa, por isso mesmo, acho que a maioria dos que assiste se choca com o que vê. Mas com o desenrolar do filme, você começa a ver a beleza daquele ritual feito de silêncio, respeito e saudade. Como tudo que é oriental, cada movimento tem sua função e uma homenagem, ao morto e a sua família. Belo, muito belo.

Mas o que isso tem a ver com a introdução? O jovem Daigo deve percorrer um caminho tortuoso para acertar as contas com os fantasmas do seu passado e finalmente seguir em paz para o seu futuro. Os conflitos do mundo exterior, da intolerância social à função que ele abraçou sem muita vontade inicialmente , também nos deixa aprisionados ao filme. Atenção especial ao chefe de Daigo, o Senhor Sasaki. Ele é prático, seco, mas sem perder o olhar solidário diante da dor de quem sofre.

Tudo é uma questão de como estamos dispostos a ver os fatos da vida e com a morte não poderia ser diferente. Sua presença real e absoluta foi vista de uma forma tão bela, pelo diretor desta obra, que nos faz pensar que realmente trata-se apenas de uma partida para um lugar muito melhor.

3 comentários:

Catharina disse...

Quem tem mais sensibilidade na escrita.
Os olhos que sempre vê a beleza interna de tudo e de todos.
Admiração sem limites.
Amo muito.
Beijão

Catharina disse...

Quem tem mais sensibilidade na escrita.
Os olhos que sempre veem a beleza interna de tudo e de todos.
Admiração sem limites.
Amo muito.
Beijão

Rubiane disse...

Chata,

Você é sempre bela para mim.

Beijos