22 de dez. de 2008

" A saudade é um filme sem cor, que meu coração quer ver colorido"


Hoje a saudade está de amargar. Não há um só dia que eu não pense nela. Também pudera, ela estava sempre conosco. Bastava que acordássemos para ela celebrar efusivamente o novo dia que iríamos compartilhar.
Éramos uma tríade. Ela era tão presente na nossa vida, que sua ausência ainda me dói como se tivesse acabado de se iniciar.
Sua presença permanece em todos os cantos da casa, mesmo que o ambiente tenha mudado de cor, de móveis e de quadros. Não há mais seus potes, seu puff vermelho, seus brinquedos e muito menos a sua linda carinha no braço da poltrona. Sinto falta da sombra que me acompanhava para todos os lados. Ainda espero ouvir suas boas vindas quando abro a porta, mas como diria Marisa Monte : "A sala, o quarto, a casa está vazia, a cozinha, o corredor. Se nos meus braços ela não se aninha, a dor é minha, a dor."
Doze anos, 2 meses e 18 dias de maravilhosa convivência. Tudo acabou! Não há mais aquela criatura que se enfiava por debaixo do meu braço, como um pintinho embaixo da asa da mãe. Se me perguntarem do que mais sinto falta, posso dizer sem titubear: da confiança. Confiança que ela depositava em mim, essa sim era o símbolo maior do amor que ela me dedicava e foi assim até o último dia.
Os seus lindos olhinhos tristes, estavam ainda mais tristes no final, não por ela, mas por mim. Eu desejei, com todas as minha forças, mais um milagre, mais um sim, pois ela já tinha recebido tantos: dois câncer vencidos, uma piometria de emergência, onde a equipe dizia que devido a idade - 10 anos - e ao coração, as chances dela seriam mínimas.Tive imensa dificuldade em deixá-la partir, mas ela foi generosamente paciente comigo e me ajudou a aceitar que ela iria se despedir para sempre. No dia 01 de dezembro de 2007 ela se foi e deixou um vazio tão grande quanto seu amor e sua alegria.
Certa vez, estava assistindo um programa de TV, de entrevistas e o tema era: adestrando os donos e obviamente falava das pessoas e seus cães. E aí eu vi o Walcyr Carrasco, autor do livro o "anjo de quatro patas" contar sobre uma lenda, não sei de que país, que dizia o seguinte: Existe uma espécie de céu dos cachorros, um lugar onde todos eles, que já se foram, estão, e esse lugar é separado por uma ponte. Quando o antigo dono deixa este mundo, também segue para a tal ponte. Então seu cachorro vai até ele, e o ajuda a atravessá-la, conduzindo-o para a Eternidade. Ao ouvir isso, pensei e não pude conter o sorriso imaginando a festa, nunca antes vista por aqueles lados, que ela fará ao me ver, pois estará esperando ansiosamente ao pé dessa ponte e quando eu chegar, ela rebolará mais do que chacrete. Vou colocá-la no colo, abraçá-la, beijá-la, coçar seus ouvidos e depois seguiremos correndo pela tal ponte para esse lugar onde nunca mais teremos que nos separar.
Mega: beijo, boca, mãe.

Para Megabyte, que nos deu o prazer de compartilhar a sua linda vida conosco.

8 comentários:

Rosane Simply disse...

Abril de 2001, Laika apresentou um tremor nas patas dianteiras, parecia se bater de frio, levada ao veterinário que diagnosticou como "cinomose" (entre lágrimas agora por lembrar) mal imaginava eu que tinha uma imensa jornada pela frente, sem conhecimento da gravidade da doença , sem dinheiro pra tratamento especifico, ali começava uma batalha que duraria exatos 4 meses. Laika já então com sete meses, com um tamanho e peso avançado devido sua raça, Fila Brasileiro, já mal tinha forças pra levantar seu peso e quase todos seus movimentos já dependiam de minha ajuda, a doença avançava rápidamente, limitando a deglutição , a voz em meio a dores de cabeça homéricas que notava-se pelo pulsar do crânio. A chegada do inverno facilitavou pro avanço da doença que era "talvez contida" somente com suco puro de erva cidreira , já que ela atua no sistema nervoso do animal causando degeneração do sistema nervoso central. Duas alternativas me foi dada pelo veterinário:Ou sacri´ficio ou um milagre. Apostando na segunda alternativa , briguei com a família inteira, passei horas de noites geladas com sua cabeça em meu colo emanando energia e orações, e no dia seguinte a primeira coisa que fazia ao levantar era procurar meu anjão no quintal na esperança de que estivesse viva.E graças a deus sempre encontrava deitadinha ao sol, aquele olhar lindo me fuzilando de amor.Ao final de julho consegui comprar 5 ampolas de um soro que talvez ajudasse seu reestabelecimento, por puro otimismo, já que seu peso exigia que ela tomasse quinze ampolas,depois da terceira aplicação ela bebeu água, depois da quinta sua voz voltou , alguem passou no portão e ela latiu, com o latido imponente da raça.OS anos passaram, e as tão citadas sequelas, como surdez, cegueira, paralisia, epilepsia, nós não conhecemos.Só uma luxação devido a um tombo na escada por ser estabanada demais.Laika hoje tem 8 anos completados a cada 29 de agosto.Graças a Deus.
Mas.... Maggie, minha gata desaparecida aos 11 anos de idade,Garfield e Frajola, meus gatos vitimas de tampão uretral e Shiva , por envenenamento causado por carrapaticida, com certeza levaram de mim todo amor e carinho que pude dar, e lá....na esfera etérica....agente se esbarra.
Grande beijo, Feliz natal

Rubiane disse...

Oi Rosane,
É isso mesmo, o importante é termos a certeza absoluta que demos a eles o melhor de nós. Porque com certeza é isso que eles fazem pela gente.
Um grande abraço e feliz natal.

Anônimo disse...

Xuxulina..
:"(
Vc sempre me emociona com as suas palavras quando quer falar sério.
Infelizmente não tive a oportunidade de conhecer esse ser que foi, ou melhor, é tão importante pra vc.
Mas posso imaginar a dimensão da sua dor. Quando vc fala que ela se aninhava embaixo das asas, eu acho que sei bem qual a sensação que ela sentia, pois eu já conheci algumas asas, mas nenhuma passa tanta segurança e proteção quanto a sua. :)
Mega sabe que passou por essa vida tendo como "pais" as melhores pessoas que podiam ser reservadas para ela. Lá do céu dos cachorros ela tem certeza que teve todo o amor e carinho que poderia receber.
Minha admiração por vc cresce dia após dia.
Beijo Grande.
Amo!Amo!
:*

Rubiane disse...

Chata,
Eu não sinto dor, porque dor é coisa ruim e Mega não tem nada de ruim ligado a ela.
Eu sinto saudade, mas uma saudade boa de conviveu e fez tudo que podia para que ela fosse muiiiiito feliz.
Quanto a asa, eu me especializei por causa dela. Ela adorava assim como você.
Beijos
Rubi

Laurinha disse...

Achei esse texto tao lindo, me emocionou!
Nao sabia que a sua cachorrinha ja tinha partido faz tempo.
Mas eu acredito que nao importa quem somos ou para onde vamos, o amor que carregamos dentro da gente fica para sempre, por toda a eternidade!

Beijos e Feliz Natal pra voces!

Unknown disse...

Nossa, Rúbia... Como adoro o que você escreve, como eu gosto do seu estilo, querida.

Preciso dizer que chorei?

Suas palavras invadiram minha alma, e fiquei ainda mais sensibilizada porque a minha Suzy Baker Díaz Maranhão já começou a fazer seu “caminho de volta”, e eu antevejo todo o sofrimento pelo qual vamos passar. Ainda esperamos tê-la conosco por um bom tempo, se Deus permitir, mas certamente uma coisinha pequena de pelo menos catorze anos (ela está conosco há treze anos e meio, e, tendo vindo de um abrigo, não podemos precisar sua idade), já apresentando alguns difíceis sintomas da velhice, não vai ficar aqui na Terra por muito tempo mais, e nós sabemos que agora o importante é desfrutar de toda a alegria e de todo o amor que ela nos oferece todos os dias.

Beijo grande pra você.

Zarela

Rubiane disse...

Rosa,

Eu fui tão feliz com Mega, que nunca acreditei que um dia ela pudesse me deixar, e na verdade ela não deixou, porque ninguém morre, quando habita o coração de outrem. Com Suzi vai ser igual, ela apenas vai para o outro lado da ponte. Agora fico pensando, quando tu chegares lá, será que essa ponte não vai cair da multidão a pular, a latir? Vai deixar os carnavais da Bahia, no chinelo.
Beijo no focinho e feliz ano novo,
Rubi

Unknown disse...

A propósito de pontes...

"A PONTE DO ARCO-ÍRIS

De um lado do paraíso existe um lugar chamado Ponte do Arco-Íris.

Quando um animal morre, se foi especialmente querido por alguém, vai para a Ponte do Arco-Íris.

Lá existem campos e colinas para todos os nossos amigos especiais, onde eles podem correr e brincar juntos. Existe abundância de comida, água e raios de sol, e eles estão sempre aquecidos e confortáveis.

Todos os animais que já ficaram doentes e velhinhos ali estão renovados, com saúde e vigor.

Aqueles que foram machucados ou mutilados estão perfeitos e fortes novamente, exatamente como nós nos lembramos deles nos nossos sonhos dos dias que já se foram.

Os animais estão felizes e alegres, exceto por uma coisinha: cada um deles sente saudades de alguém muito especial, alguém que foi deixado para trás.

Todos eles correm e brincam juntos, mas chega um dia quando um deles pára de repente e olha fixo na distância. Seus olhos brilhantes estão atentos, seu corpo impaciente começa a tremer levemente.

De repente ele se separa do grupo, voando por sobre a grama verde, mais e mais rápido: você foi visto, e quando você e seu amigo especial finalmente se encontrarem, ficarão unidos num reencontro de alegria para nunca mais se separar. Os beijos de felicidade vão chover na sua face, suas mãos vão novamente acariciar tão amada cabecinha, e você vai olhar mais uma vez dentro daqueles olhos cheios de confiança que há muito tempo haviam partido da sua vida, mas que nunca haviam se ausentado do seu coração. Então, vocês, juntos, cruzarão a Ponte do Arco-Íris."

(autor desconhecido)