14 de set. de 2008
Ensaio Sobre a Cegueira.
Eu amo cinema. O lugar, as cadeiras, a expectativa antes do apagar das luzes, os traillers - esses eu amo em especial - o cheiro da pipoca e as sessões sem adolescentes, embora eu ame as que tem crianças, porque na maioria das vezes elas respeitam o sacro-santo espaço, além de saberem se emocionar como ninguém.
Hoje meu companheiro (forma politicamente correta de denominar o marido) me fez um convite-convocação para assistirmos o novo filme de Fernando Meirelles. Trata-se do Ensaio sobre a Cegueira, baseado no romance homônimo do escritor português José de Saramago. O filme é como um elefante: pesado, porém lindo.
Não vou falar aqui sobre o que vocês podem e devem assistir, mas quero dizer que morro de orgulho do Meirelles, da forma inteligente que ele colocou na tela uma das melhores histórias do século XX. A música do filme é uma história a parte, quem for assistir lembre-se do que eu digo quando as mulheres da ala 1, seguem em fila indiana para a ala 3.
A Julianne Moore está ainda mais fantástica que o habitual. A sua personagem tem sobre si a maldição de enxergar em um mundo de cegos, que abandonam as normas de conduta pela lei do mais forte. É a velha máxima encarnada : o que os olhos não vêem, o coração não sente, e o dela sente muito. Na sua beleza branca (ela é tão branca quanto a cegueira dos personagens) de heroína/mártir ela sofre e tenta sobreviver ao diabo. Saramago também nos mostra como é inerente à personalidade feminina a solidariedade, o amor e a defesa dos que ama.
No lançamento do livro Saramago disse:
"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."
Mas mesmo assim, eu recomendo.
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4 comentários:
rubi, nem sei se tu vai ler isso,
mas tá, vou escrever.
eu chorei um rio hj no cinema vendo esse filme. foi tenso!
Estrelas da Manhã, da Tarde e da Noite. Aquilo que voce viu no filme acontece o tempo todo no mundo e por incrível que pareça muitos fingem não ver. Nós somos totalmente cegos sobre a África, os presídios, os sem-tetos, entre outros.
Que bom que voe chorou, porque só é possível melhorar o mundo quando nos solidarizamos com o nosso semelhante.
Beijos estrelados.
Rubiane, assisti segunda feira, depois de alguns meses longe de casa... O filmo é impactante mesmo, tanto que achei até que demorou muito pouco a parte da saida deles, no livro isso é mais lento e mais desesperador!
a cegueira da alma existe palpavelmente e cada vez mais pessoas ficam cegas!
e fiquei pensando se enxergo alguma coisa nesse mundo...
Fá,
Você dá voz aos invisíveis.
Isto, porque você os vê.
Beijos
Rubiane
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