13 de ago. de 2008

Eu gosto mesmo é de chuva!


Eu tenho certas características em minha personalidade que são um pouco fora do senso comum. Poderia discorrer sobre várias delas neste momento, mas acho melhor introduzir vocês as minhas loucuras cotidianas em doses homeopáticas, caso contrário posso começar a ser vista como uma criatura apta a usar camisa branca, com enooooorme mangas compridas e que fecha atrás.

Quando acordo pela manhã, corro para a varanda e se encontro um céu cinza chumbo, tipo um bulldog carrancudo, abro um sorriso maior que o sol. Sei que o dia vai ser proveitoso, que não serei uma chaleira quente, que calçarei minhas botas de trilha com minhas meias de dedinho e que poderei usar um dos meus guarda-chuvas, que aliás é outra coisa que não perco, assim como as canetas BIC. Por falar em guarda-chuva, minha amada irmã caçula certa vez viajou de Portugal aqui com uma sombrinha transparente na mão, porque eu sonhava com uma. Isso faz uns 5 anos e a mesma está aqui em casa sã e salva, nada de departamentos de achados e perdidos.

Outra coisa que eu gosto nos dias de chuva é a ausência de calor. Esse negócio de gostar de calor é coisa de quem optou por sofrer. Que graça tem está sempre suando e usando as mãos para se abanar. Não entendo a felicidade disso.

Chuva tem barulhinho bom, tem cheiro bom, tem comida boa. Quem já ouviu falar em bolinho de sol, mas bolinho de chuva todo mundo conhece. Chuva tem cara de conforto, de noite bem dormida, de pijama cheiroso, de cama gostosa. Além de ser um sossego para maioria das famílias, pois em noite de chuva todo mundo fica em casa e assim o sono dos pais está garantido pela chuva que lava o mundo.

Há um cenário teatral na chuva. O vento é o corpo de baile que faz os pingos dançarem no ar, os raios são a iluminação do palco e os trovões a grande sinfonia de sons graves que rasgam o céu. Como eu gosto de chuva. Infelizmente já estamos em metade de Agosto e as chuvas estão indo embora. Daqui a pouco estaremos, novamente, sob o céu azul sem nuvens, que na minha opinião, de nada nos protege.

Este texto é dedicado a Dona Celina, que me ensinou a amar a chuva, e que até hoje fica no meio do terreiro do sítio onde mora, deixando as primeiras chuvas de Março a molharem, como um filhote que é banhado pela mãe.

8 comentários:

Anônimo disse...

Hoje lembrei tanto de ti enquanto via a casa de Anne Frank. Ela era assim como tu és, de tudo via uma coisa positiva, invertia o sentido e passava para o diário uma sensação de controle.
A chuva também é um pouco cruel...
- Em dias de sol não levas banhos de ônibus que passam por enormes "lagoas" instaladas nos buracos da cidade... causadas pelas chuvas
- Em dias de sol não vês nenhum dono de Chevete a empurar o carro porque a chuva molhou as velas
- Sol não te deixa a mão com calos, que surgiram de tanto tirar a água que entra pela casa...
Mas vista da tua perpectiva a chuva até tem graça.

Lang leve de regen

Anônimo disse...

Oh, Rui.
Que comentário mais lindo e mais engraçado.
É lógico que a chuva tem o seu lado negativo, mas depois da chuva sempre há o arco-íris, a lavoura, o sol chegando mansinho...
Eu realmente sou meio Pollyanna, sempre jogando o jogo do contente, pois acho mais fácil de levar a vida assim.
Um grande beijo e divirtam-se
diante dos canais.
PS: Não esqueça de encrementar a série estrelinhas.
PS2: o que é "lang leve de regen"?

Unknown disse...

Rubiii Bullock,
Eu nem gostava tanto de chuva assim, apenas quando eu tinha o dia livre para me afundar no meu edredon. =)
Mas o seu ponto de vista faz bastante sentido.
ahahaha
Beijão

Anônimo disse...

Creuza, Lang leve de regen significa "Viva a chuva" nessa lingua de doidos que só têm sons de zr Zr Zrr Zrwar Zwar
Bjs

Contemporânea I disse...

Rubiiiiiiiii,

vc iria adorar a amazônia, as chuvas por lá são intensas, tem pingos imensos, é quase uma hidromassagem!
amo cheiro de chuva, de pisar na água! Uma das lembranças mais legais da minha infancia é exatamente num dia de chuva brincando com meus irmão de andar de bicicleta na chuva e de passar por dentro das poças!
beijos Rubi

Anônimo disse...

Rubi, minha querida:

Não sabia que podia fazer comentários, que coisa!!
Contudo, tendo uma amiga que era uma verdadeira adoradora do sol,aquele que arde tanto que depois não dá para dormir, mas o importante era ficar com a pele bronzeada, pelo menos uns dois dias, depois não importava se ela iria cair.
Render-se a ele (o sol) era o papel de alguém fiel , debaixo daquela "lua brilhante e escaldante",sem os fatores de proteção 15, 20,30 ou 60, se besuntando de areia, só por amizade, para darmos muitas risadas juntas, de qualquer coisa pela frente, pelo prazer da companhia.
Isso sim, é ver o lado positivo de cada coisa!
Se eu tivesse essa noção antes, naquele tempo... Teria ido tomar banho de chuva lá fora naquela rua do muro alto.

Meu abraço!

Rubiane disse...

Patrícia,
Sempre haverá chuva.
Ainda há tempo.

Anônimo disse...

"pensei que somente EU era tão amante da chuva...que bom ter encontrado companhia, não que esta seja uma necessidade ou algo muito importante, mas esta sua sensibilidade ao escrever nos alimenta, nos conforta e nos une.chuarrr...chuarrr...

p.s: e olhe que na minha profissão chuva nunca é bom..srsrs...